Meu Pai, Minha Escola


Não dá pra esquecer
No final da tarde te esperando
Pra te abraçar no quintal
Ao anoitecer a lamparina acesa
Ajudava a perceber
O seu rosto cansado
Era duro o trabalho
Ele encarava qualquer coisa
Pra me alimentar

Mesmo não sabendo escrever
Pai, o seu beabá foi o ensino
Que a escola não poderia dar

No tempo de bóia-fria, vi tristeza e alegria
Caminhando lado a lado
Era assim que eu crescia
Em sua pele tão morena
Quando o suor descia
Era pra trazer pra casa
O nosso pão de cada dia

O tempo passou, a história se inverteu
Mas ela não mudou, ó meu pai
Hoje é o senhor que conta
As horas e os minutos
Pra me ver chegar
Como me abraçou, hoje vou te abraçar
Como o senhor cuidou de mim,
De ti eu vou cuidar


Autor(es): Anderson Freire